13 de maio de 2010

Ignorance is Bliss



Alguém disse que a ignorância é uma bênção.
Neste conceito de ignorância inclui-se a ausência de conhecimento, alguma ingenuidade (relacionada com o desconhecimento de determinado/s assunto/s) e ser-se efectivamente néscio.
E, realmente, a ignorância deve proporcionar uma vida feliz.
Ao desconhecer o que se passa no mundo, a desgraça financeira, a decadência moral e dos bons costumes, a ausência de consciência, ignorar o sofrimento físico e psicológico que tantos humanos passam todos os dias, a nulidade emocional e o «desfasamento» intelectual, a atenção somente direccionada para assuntos triviais e fúteis, julgar alguém publicamente sem conhecimento de causa só porque ouviu alguém proferir «uma verdade absoluta» sem qualquer fundamento, o pensamento escorreito a esvair-se… concerteza a vida há-de ser bela assim.
Não sou apologista de uma vida somente vivida em fruição cultural e erudita mas, como diz alguém com uma mente que muito aprecio… Convenhamos! Nem um eremita cultural nem um troglodita despojado de qualquer interesse que não seja matéria já «mastigada» e fácil de apreender.
Aproveitando a passagem por Portugal de Sua Santidade, cito a Bíblia, Antigo Testamento, Livro de Eclesiastes, capítulo 3: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”
Curiosamente, não tive conhecimento desta passagem da Bíblia através de aulas de Religião e Moral mas sim através de um filme dos anos 80, quando eu tinha 12 anos.
Sendo uma das definições de cultura geral o que permanece na nossa memória residual depois de termos estudado, lido ou ouvido algo, fico contente por ter «registado» esta passagem e não os passos de dança. Bem, confesso… Na verdade também memorizei os passos e as canções mas uns não consigo executar e o resto… não me deixam cantar.
Com tudo e todos podemos aprender, desde que nos sintamos impelidos a isso e tenhamos humildade. Infelizmente constata-se que quanto mais ignorante uma pessoa for mais sábio se julgará.
Sugiro, humildemente, a Maiêutica Socrática dando o mote com o seu principal “lema”: nosce te ipsum.