17 de junho de 2010

Saudade

Sempre que penso em ti (e penso em ti sempre), sorrio e choro ao mesmo tempo.

Sorrio ao lembrar-me de todos os momentos, todas as alegrias vividas e partilhadas.

Choro porque esses mesmos momentos não voltarão, não se repetirão.

Perderam-se, extinguiram-se, quando te foste embora.

Ainda peno por não ter aproveitado todos aqueles segundos, minutos, horas, em que não falámos, não sorrimos, não cantámos, não gracejámos sobre coisas importantes, não troçámos de nós próprias.

Espero que saibas, onde quer que estejas agora, que continuo à espera de ver-te descer a nossa rua, na minha direcção, com aquele sorriso que só tu tinhas, com aquele olhar terno que ninguém tem ...

Com essa alma que nunca morrerá!

13 de maio de 2010

Ignorance is Bliss



Alguém disse que a ignorância é uma bênção.
Neste conceito de ignorância inclui-se a ausência de conhecimento, alguma ingenuidade (relacionada com o desconhecimento de determinado/s assunto/s) e ser-se efectivamente néscio.
E, realmente, a ignorância deve proporcionar uma vida feliz.
Ao desconhecer o que se passa no mundo, a desgraça financeira, a decadência moral e dos bons costumes, a ausência de consciência, ignorar o sofrimento físico e psicológico que tantos humanos passam todos os dias, a nulidade emocional e o «desfasamento» intelectual, a atenção somente direccionada para assuntos triviais e fúteis, julgar alguém publicamente sem conhecimento de causa só porque ouviu alguém proferir «uma verdade absoluta» sem qualquer fundamento, o pensamento escorreito a esvair-se… concerteza a vida há-de ser bela assim.
Não sou apologista de uma vida somente vivida em fruição cultural e erudita mas, como diz alguém com uma mente que muito aprecio… Convenhamos! Nem um eremita cultural nem um troglodita despojado de qualquer interesse que não seja matéria já «mastigada» e fácil de apreender.
Aproveitando a passagem por Portugal de Sua Santidade, cito a Bíblia, Antigo Testamento, Livro de Eclesiastes, capítulo 3: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar; Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.”
Curiosamente, não tive conhecimento desta passagem da Bíblia através de aulas de Religião e Moral mas sim através de um filme dos anos 80, quando eu tinha 12 anos.
Sendo uma das definições de cultura geral o que permanece na nossa memória residual depois de termos estudado, lido ou ouvido algo, fico contente por ter «registado» esta passagem e não os passos de dança. Bem, confesso… Na verdade também memorizei os passos e as canções mas uns não consigo executar e o resto… não me deixam cantar.
Com tudo e todos podemos aprender, desde que nos sintamos impelidos a isso e tenhamos humildade. Infelizmente constata-se que quanto mais ignorante uma pessoa for mais sábio se julgará.
Sugiro, humildemente, a Maiêutica Socrática dando o mote com o seu principal “lema”: nosce te ipsum.

23 de março de 2010