Não. Não vou falar do Fernando Pessoa. Poderia ser um post muito bem elaborado em que apresentaria Fernando Pessoa aos seus vários heterónimos e falaria da poesia e prosa de cada um, blá, blá, blá.
Mas não. O tema é bem mais mundano.Falo de sites onde pessoas conhecem pessoas.
Nunca tive problemas em conhecer pessoas pessoalmente, ao vivo e a cores, e cativá-las. Modéstia à parte, claro. Até julgo que é, para mim, bem mais benéfico esse tipo de “apresentação” do que a virtual.
Na virtual, falta-nos expressão, brilho no olhar, um sorriso malicioso, um acento nas palavras pronunciadas, um não sei quê que se perde no meio do teclado. Mesmo uma ideia gira perde-se e-n-q-u-a-n-t-o e-s-t-a-m-o-s a… O que é que eu ia a dizer? Um pensamento escorreito tão giro e diluiu-se após a vigésima tecla.
Mas há que aderir aos tempos modernos e, para ser sincera, já não tenho paciência para fazer passerelle nos bares e disco’s.
O objectivo é sempre conhecer pessoas interessantes com quem possamos conversar, trocar ideias, quiçá ter algo parecido a uma amizade. Quer dizer, o meu objectivo. Mas nem sempre as coisas correm como planeado. Nem em relação aos objectivos traçados, nem à troca de ideias e muito menos às pessoas interessantes.
Onde é que se meteram as pessoas com mentes giras? Morreram? Reformaram-se? Ainda não nasceram?
Não quero ser ETA (Extremista com Todas as Almas), mas a verdade é que pessoas espirituosas e minimamente cultas (reparem no minimamente), com sentido de humor refinado e não boçal, sem utilizarem expressões completamente corriqueiras, e que saibam falar/escrever na língua mãe, são uma raridade.
Ultrapassando essa parte, que para mim é mesmo a mais importante, vem a fase visual.
Por favor, não é por terem um perfil com fotos em que aparecem como vieram ao mundo (tirando a parte do sangue e da placenta) que alguém como eu ficará interessada.
Hum… Espera lá, se calhar só eu é que penso assim. Se metade dos frequentadores utilizam essa estratégia é porque deve dar resultado.
E como metem conversa: “Olá, como é que te chamas?” Como é que me chamo? Se quisesse que qualquer pessoa que me abordasse soubesse o meu nome não usava um nick, não é?
“Olá, o que é que fazes? Trabalhas em que área?” Trabalho na área x e tenho um rendimento y. Ah, e já agora queres que te dê o meu nib? É melhor não, porque a internet é perigosa. Vou antes dar-te a minha morada para apareceres lá por casa.
Serei eu antiquada? Ou isto é mesmo estranho?
Já para não falar daquelas pessoas que enviam logo aquelas private messages a dizer “fazia-te isto e aquilo”, “olá, queres adicionar-me ao teu msn?”, “enviei-te duas fotos privadas minhas” e “ os teus olhos parecem o mapa mundo” (ok, esta última frase é simpática, sim).