5 de novembro de 2009

Cockroaches from hell!




Num destes dias de primavera/verão no outono/inverno, comecei o dia laboral exactamente como habitualmente o faço (não gosto de rotinas mas caio nelas).
Depois de tomar o meu pequeno-almoço no café juntinho à porta da empresa onde faço as 7 horas diárias (sim, leram bem, 7 horas), cumprimento o porteiro, Sr. Olhavrac, e espero ser içada pelo elevador.
Abro a porta do mesmo e eis o contínuo, o Sr. Opmil. O dia não começa sem ele dizer umas patacoadas sem interesse nenhum, ao que eu sorrio e assinto como diplomata que sou. Há dias que estou tão sociável que até pronuncio umas facécias. Normalmente sobre o meu clube desportivo, porque além de ser fácil dizer umas larachas sobre o futebol que pratica é um dos “vastos” assuntos que posso conversar com o Sr. Opmil. Bem, mas este texto não tem o intuito de macular ninguém (este texto, note-se).
Assim como assim, encontro-me já a caminho dos lavabos para exercer a minha higiene oral matinal.
Não vou descrever passo a passo a minha lavagem do “teclado”, mas ao pegar no fio dental, virando-me para o espelho e deixando nas minhas costas a sanita e o bidé, sinto que estou a ser observada.
Ora isto é estranhíssimo! Além daquelas duas peças de loiça, tenho uma janela nas minhas costas mas está trancada e estou num 5º andar.
Olho para trás e nada. Estarei a ensandecer?! Não seria a coisa mais estranha deste mundo.
Bom… Nada nas mangas, nada atrás de mim… Illusion… (como diriam os Imagination dos 80’s).
Continuei pelo caminho do tártaro e próteses temporárias quando tive novamente a mesma sensação. Alguém estava a olhar para mim. Sentia uns olhos nas minhas costas. Desta vez olharia de repente para trás. E zás...
"Aaaaaaaaaaaaaaaah!!!!! Sr. Optrax! Sr. Optril! Sr, Optalidon! Sr. Opmil!" (levei um certo tempo até chamar o nome correcto).
Como bom alentejano, aguardou um bocadinho até assimilar que estavam a chamar por ele e outro bocadinho para ter vontade de se levantar da cadeira onde estava (sem ofensa para o alentejão).
Eis que, com receio de irromper pelo wc das senhoras, assomou à porta e perguntou se tinha chamado por ele.
“Sr. Opmil, baratas!! Baratas com asas!! Parecem-me das que voam. Olhe para aquele tamanhão”
Contrariando as suas origens, o Sr. Opmil não perdeu tempo com conversas e começou a esborrachá-las mesmo dentro do bidé. Não posso dizer que tenha sido uma visão bonita mas foi eficaz.
Bem sei que trabalho numa zona velha da cidade de Lisboa, que a canalização do prédio já deve ter tido os seus dias de glória, mas baratas a surgirem do ralo do bidé?! E, além do mais, todos os dias temos aqui senhoras da limpeza à antiga (como tudo o resto na empresa). Ou seja, limpam tudo ao pormenor.
O que é que falhou? O Sr. Opmil explicou-me. O bidé não é utilizado, a água não corre nos canos e as baratas são como os okupas dos prédios devolutos, mas em canos.
Então e o que fazer? Eu e as outras duas únicas senhoras que trabalham aqui vamos começar a utilizar o bidé? Cada uma traz a sua toalhinha da higiene íntima e passamos a lavar as partes pudibundas na empresa? Juntamente com as duas senhoras da limpeza já somos cinco! Já deve ser suficiente para inundarmos o habitat das baratas.
Bem, há sempre algo de positivo num problema. Imaginem que as baratas vinham da sanita!
Eu já bebo um litro e meio de água por dia. Não me peçam mais nada.

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