22 de outubro de 2009

Devir



Vai surgir uma nova fadista chamada Joaldina Mafananinho Mournauth Amenduarte. Isto só é possível graças à evolução científica portuguesa que conseguiu clonar 5 fadistas em uma. Passo a explicar. Na tentativa de encontrar uma nova Amália, e dado que as últimas tentativas têm saído goradas, os mais altos cérebros ligados à música portuguesa em geral, e ao fado em particular, lembraram-se de fazer, quiçá, uma derradeira tentativa.
Isto porque, depois deste ano de homenagens à Amália, só lhes restará a hipótese do fado ser considerado património mundial, para conseguirem ganhar mais uns cobres.
Com estas homenagens (completamente devidas e justificadas) à nossa fadista/ícone pop/diva/bestseller/actriz/modelo/cançonetista estafaram de uma vez tudo o que podiam “vender” sobre Amália.
E agora? Só temos esta fadista em Portugal. É uma pena.
Ah, não, esperem! Do antigamente só temos a Amália mas no presente temos imensas “quero ser como a Amália mas não tenho voz, presença, carisma, nem alma que me ajude”.
Assim, juntaram a Joana, a Aldina, a Mafalda, a Ana e a Carminho. Também se lembraram da Mariza mas o clone ficaria muito alto e a mulher portuguesa/fadista é pequenina (por tradição). Além disso, já há para ali vozes roucas de bagaceira que cheguem.
Assim, aproveitaram o que cada uma tem de melhor: energia, simpatia, ar de desgraçada, bons contactos, conhecimentos internacionais e cunhas (pronto, pronto, há uma ou outra que tem voz para conseguir cantar um faduncho), et voilá!
Como devem calcular, a nível físico a fadista ficou um pouco estranha mas nada que não tenha solução. Lembraram-se dos concertos dos Gorillaz e assim até ajuda à mística do fado (não temos? então pode ser um copinho de branco).
A imagem da fadista será como uma aguarela do movimento Der Blaue Reiter (o escolhido foi Klee).
Ora, com tanta fadista de êxito numa só, com uma imagem moderno-virtual e fados(?) com músicas e letras estrondosas (do regalengo de cada uma), só pode resultar num fenómeno de vendas.

Mas enquanto a "fadista" não chega vamos clonando o fado.

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