26 de outubro de 2009

Whatever Works



“Whatever love you can get and give, whatever happiness you can filch or provide, every temporary measure of grace, whatever works.”
É uma das frases do último filme realizado pelo Woody Allen. E não é que faz sentido? O que resultar connosco é o melhor para nós.
Às vezes pensamos ou julgamos uma coisa e sai outra. Julgamos que estamos a fazer o melhor e não estamos. Julgamos que se fizermos isto ou aquilo seremos felizes. Julgamos que o problema é das pessoas que nos rodeiam, do mundo, do emprego, da taxa euribor, mas não. O verdadeiro problema parte sempre de nós, do nosso íntimo. Se não estamos bem connosco, não estaremos bem com ninguém. Por isso, temos de tirar partido do bem que temos, de todas as coisas/pessoas que nos fazem bem ou minimamente felizes, não desperdiçar o positivo para realçar o negativo.
Estou curiosa para saber qual a tradução que a nossa “indústria cinematográfica” irá dar a este título. Até estou a ver a acender e a apagar: “O Que Trabalhar”. Ainda as pessoas vão julgar que é um documentário sobre Marx. Ou um compacto do “Querido, mudei a casa”.
Dos últimos filmes que vi do Woody (posso tratá-lo assim porque conheço-o desde pequena), este é o que mais se assemelha ao “good old Woody Allen”.
Primeiro passa-se em Nova Iorque. Qual Londres ou saloios britânicos, qual Barcelona, Oviedo ou discussões com castanholas, isto sim. Deixou-se do provincianismo da Europa e voltou à Grande Maçã. Era o velho continente que estava a estragar-lhe os filmes.
E volta aos seus diálogos interessantes, filosóficos, complexos e complexados, sobre a condição humana e as suas vertentes mais intrincadas: amor, vida, existência, coexistência.
Destaco as três personagens: o homem que coloca tudo em causa e refugia-se em si mesmo, repudiando tudo e todos; a rapariga que sabe que nada sabe mas que tem sede de sabedoria; e a mãe dela que chega como se fizesse parte do cântico “Alegrem-se os Céus e a terra…” e acaba… Não vos digo com que banda sonora senão perderia o interesse. Mas adianto que não é com a da “Música no Coração”.
O homem é interpretado por um actor praticamente desconhecido para mim, o Larry David. A rapariga só a tinha visualizado no filme “13” e nas notícias “rosa choque”, pois é a namorada do cantor Marilyn Manson. E a “mãe” é representada pela fantástica Patricia Clarkson que, para quem já viu outros desempenhos dela, sabe que dispensa adjectivos.
No cômputo geral, o filme não é uma obra de arte mas tem o cunho do Woody dos 80’s, o que já é uma boa nova.
Sou tão cinéfila-crítico-intelectual (é uma palavra/conceito novo que acabei de inventar) como o meu vizinho do lado mas gosto muito de opinar.
Bem, sou um pouco mais cinéfila do que o meu vizinho do lado. Acho que o último filme que viu foi... uma telenovela.


4 comentários:

  1. Obrigada pela "review", esse já ficou na minha lista. Como não sou nada entendida sobre a filmografia do Allen gostava de saber qual era o filme em que três indivíduos têm uma discussão absolutamente alucinante sobre arte.
    Devem ter sido vários, porém...

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  2. Aconselho vivamente a d. Benta a ver este filme.

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  3. Creio que o filme de que fala seja o "Manhattan". Terei de revê-lo para saber.

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  4. Parece que vem aí novo filme... novamente por terras do velho continente.
    http://publico.pt/1407012

    Obrigada pela dica.

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