16 de outubro de 2009

Parabéns, Júlia florista!

Há momentos na nossa vida que temos de fazer uma introspecção, uma análise, um balanço.
Seja do que já vivemos vs. o que queremos viver, seja das alegrias vs. tristezas, seja das boas acções vs. as más, seja do que fizemos vs. o que não devíamos ter feito.
Não me arrependo das coisas boas que fiz, independentemente de ter tido o efeito desejado ou não.
Aliás, não me arrependo dos esforços todos que fiz em prol de mim mesma ou de outrem.
Arrependo-me de ter tido más acções, más palavras, precipitações, possessões, complicações, ter ligado a pormenores estúpidos sem qualquer valor.
Arrependo-me de não ter sido mais “leve” em alguns momentos, de não ter só usufruído do momento, sem pensar, sem raciocinar.
Arrependo-me de algumas/muitas coisas, mas nunca de ter dado tudo o que tinha pelo que acreditava, de ter lutado pelo que sentia, de ter lutado por quem queria.
Quando o que sentimos é puro, verdadeiro, nada do que fazemos é inútil ou alvo de arrependimento.
Podemos arrependermo-nos de algo que fizemos ou deixámos de fazer, mas só a morte é que não tem emenda. Enquanto vivemos, temos sempre a hipótese de voltar atrás, de “reparar” o erro, de termos uma segunda oportunidade seja no que for. Normalmente, a vida, as pessoas, as coisas, dão-nos esse segundo “fôlego”.

O que me leva a pensar nos 84 anos que a minha avó faz hoje.
Uau! Tantos anos para reflectir, para fazer o balancete, para “pesar” o bom e o mau de uma vida.
Concerteza, a minha avó pensará nisso. Embora seja uma pessoa alegre, sei que tem as suas tristezas de alma, as suas saudades, mas não sei se terá arrependimentos.
Penso que as decisões difíceis que terá tomado durante a vida, as escolhas face às opções, não a terão traído (pelo menos, completamente).
A vida não foi sempre um mar de rosas para ela, e mesmo se fosse, já se sabe que não há rosa sem espinhos. Como costuma dizer-me uma senhora minha conhecida: a vida é bela nós é que damos cabo dela.
Sem dúvida que as nossas opções tornam a nossa vida melhor ou pior, e raramente nos apercebemos no instante da decisão, ou nos momentos seguintes.
Conforme a Alegoria da Alma de Platão nos exemplifica, temos em nós um cavalo preto e um cavalo branco. A nossa alma, carácter, é o cocheiro. Nós é que direccionamos as coisas, o Caminho. Nós é que temos de controlar o nosso cavalo preto, negro, obscuro. Nós é que temos de escolher o sentido da vida, das escolhas, do que nos fará chegar a qualquer coisa semelhante à felicidade.
No cômputo geral, penso que a Júlia florista comandou bem os seus cavalos, embora só ela o possa confirmar.
Pelo menos, tem uma pequena pónei que a adora!

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