14 de outubro de 2009

Haar

Ontem, faltou-me a água.
Já me tinha faltado o ar, a alegria, o sono, o apetite... Ontem foi a água.
Liguei para entidade reguladora e atendeu-me uma senhora muito enfadada a dizer um "siiiiiim..." daqueles muito longos, como que a fazer-me entender que eu era a enésima cliente a ligar para dizer o óbvio.
O piquete já vinha a caminho. Óptimo! Se for como o piquete da luz, quando vier a água já não me lembro do meu nome.
Não foi assim mas foi quase. E não se pode chamar água corrente ao que obtive mas água engasgada com os despojos de uma aula de trabalhos manuais, sobre trabalhar no barro, a correr pelo cano.
Bem, lá me lavei à gato (foi mais à suíno mesmo) mas ao chegar à parte da lavagem do couro cabeludo, aí é que a porca torceu o apêndice caudal.
Resolvi que o meu cabelo aguentaria mais uma noite e um dia, apenas tinha de evitar suar.
Hoje, na minha hora de almoço, achei que já chegava de perguntas sobre se tinha colocado gel no cabelo.
Assim, fui à cabeleireira em frente ao meu local de trabalho (à qual nunca tinha ido) e pedi para lavarem e secarem o mais natural possível.
A lavagem correu bem, embora em determinada altura tivesse pensado que a senhora queria lavar a minha alma também. Eu agradecer-lhe-ia mas a única coisa que ia conseguindo era ficar sem escalpe. Mas mariquices à parte, lá fomos nós para o secador.
Bem lhe expliquei que o meu cabelo tem personalidade própria e blá, blá, blá, mas resolveu que queria "enrolar". Depois de estar quase com três escovas de brush, mise ou qualquer coisa assim, na cabeça, chamou uma colega e mostrou-lhe o que é um cabelo liso. Em pouco tempo, já tinha três cabeleireiras a comentarem que nunca tinham visto um cabelo assim tão liso, forte, espetado e sem jeitinhos. Perguntaram-me se eu era portuguesa. E eu, orgulhosa, disse: "não só portuguesa como alfacinha".
Bem, em jeito de conclusão, posso dar uma ideia de como estava se conseguirem visualizar o cabelo esticado, e naturalíssimo, da Aretha Franklin num videoclip do George Michael.
E a seguir tinha de ir trabalhar...

1 comentário:

  1. Mas que aventura!
    Muito gostam as cabeleireiras de deixar o cabelo bem "armado". Acredito que, no local de trabalho, tenha sido um verdadeiro sucesso... sem precisar de cantar!

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